Um estudo, feito na Universidade de Tel-Aviv (Israel), concluiu que quem fala muito no celular está propenso a desenvolver câncer nas glândulas salivares. “As ondas eletromagnéticas alteram as células lentamente. Conforme as ondas se acumulam no corpo, seus efeitos também se acumulam. É isso que gera o câncer”
Perigos portáteis
0celular não é artigo novo nem de luxo nos dias de hoje. Ao contrário: começou a se tornar popular no começo da década e atualmente são 191 milhões de aparelhos em operação apenas no Brasil, segundo a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Só no País, a perspectiva é que 48 milhões de aparelhos sejam comercializados em 2010, segundo o instituto de pesquisas norte-americano Gardner.
E é exatamente essa popularização que está preocupando os especialistas.“Tem muito mais gente exposta às micro-ondas do celular hoje em dia. Já há aumento na incidência dos casos de câncer e estudos provam que estas ondas enfraquecem o esperma. Os homens que usam o celular por mais de 4 horas por dia têm metade da contagem de esperma que os demais”, sentencia a médica epidemologista Devra Lee Davis, que acaba de lançar nos Estados Unidos o livro “Disconnect” (“Desconectado”, ainda não lançado no Brasil).
O notebook no colo também pode trazer problemas ao trato fértil: o aparelho aquece a bolsa escrotal e eleva sua temperatura em até 2,4º, podendo causar infertilidade,segundo estudo publicado recentenmente na revista médica norte-americana “Fertility & Sterility”.De acordo com Devra, o perigo das ondas é maior entre as crianças. “O crânio delas está em formação, o que as faz receber o dobro de radiação que um adulto formado”, afirma. No livro, a médica defende que, se as pessoas não passarem a mudar os hábitos com o celular, casos de câncer serão cada vez mais comuns. “Não devemos carregá-lo no bolso, nem mantê-lo perto da cabeça. Quanto mais tempo desligado, melhor.
E é preciso pensar que, como o fumo, há pessoas recebendo radiação passivamente”, alerta. A mesma defesa é feita pela pesquisadora Adilza Dode, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). A engenheira estudou moradores de áreas em que há antenas de celular e concluiu que as pessoas que moram em um raio de mil metros de distância dos equipamentos sofrem mais de câncer de pulmão, mama, próstata, intestino e tireoide. “Quanto mais celulares se vendem, mais antenas são instaladas para dar conta destas novas linhas. Ou seja, o risco apenas aumenta”, alerta a engenheira.
Efeito cumulativo
Um outro estudo, feito pela médica Siegal Sadetzki na Universidade de Tel-Aviv (Israel), concluiu que quem fala muitas horas por dia no celular está 50% mais propenso a desenvolver câncer nas glândulas salivares do que quem não usa o aparelho. “As ondas eletromagnéticas alteram as células lentamente. Conforme as ondas se acumulam no corpo, seus efeitos também se acumulam. É isso que gera o câncer”, explica.
O trabalho dela abordou as glândulas salivares, mas há estudos sendo desenvolvidos em relação ao cérebro, à boca, ao pescoço e à garganta. “São áreas que ficam muito próximas à antena receptora do celular”, diz Siegal. Mas não são apenas as ondas invisíveis que prejudicam o homem. Trocar muitas mensagens de texto pelo celular também faz mal: começaram a aparecer nos últimos anos casos de tendinite em adolescentes como resultado do uso excessivo do teclado do celular.
A doença já tem até nome: teen texting tendonitis (“tendinite de envio de SMS”, em tradução livre), que afeta os dedões e cotovelos. “A tendinite pode ter várias causas, mas é relacionada principalmente ao uso intenso de determinados músculos durante um período de tempo prolongado. No casos destes adolescentes, há o risco, já que eles passam muito tempo se comunicando pelo celular.
Não só mandando mensagens, mas também acessando a internet”, define Maria Maeno, médica pesquisadora do Fundacentro, entidade governamental que faz pesquisas relacionadas à segurança e saúde dos trabalhadores e estuda temas como a lesão por esforço repetitivo (LER). “Ainda não aprendemos a lidar com estas tencologias recentes em nossas vidas, mas o melhor é sempre usar o mínimo possível”, conclui Devra.
Kátia Mello katia.mello
folhauniversal.
Nenhum comentário:
Postar um comentário