"Flecha mortífera é a língua deles; falam engano; com a boca fala cada um de paz com o seu companheiro, mas no seu interior lhe arma ciladas."(Jr.9:8)
Estudos dão conta de que o homem fala em média 20 mil palavras por dia, e a mulher 30 mil. Daí podemos apenas imaginar ou perceber o poder que está em nossa língua tanto para o bem como para o mal. Enquanto Tiago compara a língua a um fogo que devora, queima e destrói, Jeremias a compara a uma flecha mortal. Naquele tempo, a flecha era a arma que atingia mais rapidamente uma pessoa. Era inesperada e venenosa, rápida e cortante. Causava feridas profundas.
Quem sabe hoje, se fôssemos atualizar o texto de Jeremias, diríamos assim: “Suas palavras são como tiros de um fuzil de mira telescópica, com silenciador.” Você mal ouve o barulho, mas é surpreendido. Apenas sente o impacto. Não sabe por que e nem imagina quem foi o autor do disparo. Não sabe de onde veio; mas foi atingido.
Existe uma flecha mais venenosa do que essa. É muito mais prejudicial porque não atinge apenas o corpo, mas fere profundamente a alma. É uma flecha que mancha a reputação do outro, inventa o que ele não disse e insinua intenções maldosas, espalha informação falsa sobre os outros com a intenção de feri-los. É uma flecha que tem arruinado muitos casamentos, e tem feito muitos perderem o emprego e posições. Ela já arruinou o futuro de milhares de pessoas.
O nome dessa flecha é calúnia, mas também é conhecida como difamação. O ditado diz: “A calúnia é como o carvão, quando não queima, suja.” Os rabinos ensinavam que a calúnia era pior do que o incesto, a idolatria e o tirar a vida de alguém, porque matava três pessoas de uma só vez: o caluniador, o caluniado e quem escutou. O cristão verdadeiro está convicto de que o tecido das relações humanas está entremeado da verdade.
Quando há desconfiança e medo, os relacionamentos são fragilizados. Por isso, hoje todos apreciamos aquilo que chamamos de transparência. Não há nada escondido, mas existe lealdade e consistência. “Não saia dos vossos lábios nenhuma palavra inconveniente [que fira, machuque, destrua, arruíne], mas, na hora oportuna, a que for boa para edificação, que comunique graça aos que a ouvirem” (Ef 4:29, Bíblia de Jerusalém). Nossa oração deve ser, neste dia: “Coloca, Senhor, uma guarda à minha boca; vigia a porta de meus lábios” (Sl 141:3).
Paula Ricci
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