SP: aumenta número de mães viciadas em crack que perdem a guarda dos filhos Apesar da quantidade de casos, ainda há esperança para resolver problemas com as drogas.
O consumo do crack tem se tornado algo comum nas ruas das grandes cidades brasileiras, porém, ainda faltam informações nacionais sobre a quantidade de vítimas.
No ano passado, uma estimativa feita com base em dados do censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) revelou que o número de usuários está em cerca de 1,2 milhão de pessoas, e a idade média para início do uso da droga é de 13 anos.
No ano passado, uma estimativa feita com base em dados do censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) revelou que o número de usuários está em cerca de 1,2 milhão de pessoas, e a idade média para início do uso da droga é de 13 anos.
Além disso, o crack não escolhe o sexo do usuário. Um levantamento inédito feito recentemente pela Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, na maternidade estadual Leonor Mendes de Barros, a maior da zona leste da capital paulista, mostra que aumentou o número de mães dependentes de crack e cocaína que perdem a tutela de seus bebês em razão do vício.
Em 2010, o hospital encaminhou para a Vara da Infância e Juventude 43 crianças cujas mães não tinham condições de manter a guarda delas em virtude do vício. Esse aumento foi progressivo no decorrer dos anos. Enquanto em 2007 houve apenas um caso, em 2008, 15 crianças foram encaminhadas à Vara da Infância e Juventude. Em 2009, o número subiu para 26, o que representa um aumento de 73% se comparado ao ano anterior. Só no primeiro trimestre de 2011, o hospital já registra 14 casos de perda da tutela.
O fluxo de atendimento levou o hospital a fazer um estudo específico para diagnosticar os aspectos sociais que compõem este cenário, relacionando mães e drogas. Os dados estão baseados em 33 prontuários de pacientes que deram entrada entre abril de 2009 e abril de 2010. Foi observado que 64,5% das parturientes atendidas tinham idades entre 15 e 25 anos. A maioria com baixo nível de escolaridade (54,8% não completaram o Ensino Fundamental) e ausência de profissão estabelecida (61,3%).
A dependência química também atrapalha o acompanhamento médico das gestantes – 48,4% das pacientes não aderiram ao total de consultas de pré-natal oferecidas. Entre as drogas mais consumidas por esse grupo estão o crack (41,94%) e a cocaína (19,35%). O estudo revelou ainda que 48% das parturientes atendidas na maternidade possuem companheiros também usuários de drogas, o que dificulta a tomada de decisão para o abandono do vício e procura por tratamento.
De acordo com Corintio Mariani Neto, diretor da maternidade, a maioria das pacientes é moradora de rua e se encontra em grave situação de vulnerabilidade social, com rompimento dos laços com familiares e com a comunidade. Ele alerta que o uso das drogas durante a gestação pode provocar uma série de problemas aos filhos que estão sendo gerados: “Deslocamento prematuro de placenta, parto prematuro, anomalias congênitas, retardo do crescimento, baixo peso do recém-nascido e morte neonatal.”
Outros três hospitais estaduais da capital paulista apresentaram também casos de bebês encaminhados ao Conselho Tutelar ou à Vara da Infância em 2011 em razão de dependência química das mães. Foram 13 ocorrências no Hospital Geral de Pedreira; 14 no Hospital Geral de São Mateus; e 32 no Hospital Estadual de Sapopemba. A secretaria pretende dobrar o número de leitos de internação para dependentes químicos (álcool e drogas) em todo o estado em 2012: de 400 para 800.
Demetrio Koch
redacao@arcauniversal.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário